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Um Quase Poema de um Ser Sem Contexto

Em meio a tantos textos ele se percebeu sem contexto.
Quando conseguia ler ele compreendia mais sobre si e quando ele não conseguia ler ele conscientizava-se de si, refletia sobre si e estranhamente descobria muito mais de si.

Diante dos muitos textos ele se sentiu nos corredores de um labirinto, virando pra direita, pra esquerda, subindo e descendo degraus parecia não saber onde estava, pois até as portas que foram encontradas para o desconhecido levava.

Seu contexto começou a gritar; lhe afirmando que distante do texto ditado ele estava, pois suas vogais, suas consoantes, suas silabas, suas palavras, suas orações nada se encaixava, nada condizia, contudo em meio a tudo isso mais de si mesmo ele desvendava.

Até que então um dia se espantou quando resolveu analisar a fundo o texto que o rodeava e que não tinha conseguido SER parte, então levado a pensar e divagando pela memória identificou que em toda sua história ele nunca tinha conseguido SER parte de um texto, pois seu contexto era outro, seu contexto ia além do posto, sem margens para o limitar era somente pelo diferente que conseguia andar, logo reconheceu SER sem contexto, seu SER não tinha contexto…

“Através de seus próprios atos em vida Jesus deu mostras de que não discriminava prostitutas, funcionários acusados de corrupção e adversários políticos do povo. Mas ele vai além: ele diz que um perdulário que esbanjou toda a sua herança ou um servidor público que tenha se apoderado do erário são justos diante de Deus, bastando para isso que voltem para Ele e implorem perdão, tamanha é a generosidade da sua misericórdia.
Mas ele vai mais além, veja só, e agora preste muita atenção: Jesus disse que tais “pecadores” são mais justos aos olho de Deus – e mais dignos do seu perdão – que os impolutos fariseus em finas vestes de seda que andavam de um lado para o outro orgulhosos da sua pretensa pureza.
Jesus adverte, porém, que nenhum homem deve considerar a misericórdia divina um bem garantido. Nós não podemos salvar-nos a nós próprios. (Isso muitos gregos também achavam!) Quando Jesus profere seus rígidos princípios éticos durante o Sermão da Montanha, ele quer demonstrar não apenas qual é a vontade de Deus, mas também que nenhum homem é justo perante Ele. A misericórdia divina não conhece fronteiras, mas para isso devemos nos voltar para Deus e implorar seu perdão. […] Jesus conseguiu empregar de modo genial o idioma da sua época, ao mesmo tempo que deu a jargões antigos um novo significado, bem mais amplo. Não foi à toa que acabou sendo crucificado. Sua doutrina de salvação radical contrariou tantos interesses e pôs em xeque tantos poderosos que eles simplesmente quiseram eliminá-lo.
Quando lemos sobre Sócrates, vimos que apelar à razão humana pode ser perigoso. Com Jesus vemos como é perigoso pretender dos outros que demonstrem amor ao próximo de maneira desinteressada, bem como que perdoem da mesma maneira. Hoje em dia mesmo podemos ver como Estados poderosos ameaçam ruir quando confrontados com demandas tão simples como paz, amor, comida para quem tem fome e perdão para seus inimigos políticos.”

 

 

Citação - O Mundo de Sofia, Romance da Historia da Filosofia - Jostein Gaarder

 

Referência Bibliográfica:

GAARDER, Jostein. O mundo de Sofia: Romance da História da Filosofia. 1 ed. São P-aulo: Companhia das Letras, 2012. p. 176-177.

 

“Sem desejar produzir um recurso à nostalgia tola, é saudável lembrar: bons tempos aqueles nos quais se podia acreditar no que Aristóteles, já no século 4 a.C., afirmava na Ética a Nicômaco: “a amizade é uma alma com dois corpos”. Parece que o ideal aristotélico vem sendo superado por uma perspectiva muito bem expressa pelo, eventualmente satírico, filósofo francês Montesquieu: “A amizade é um contrato segundo o qual nos comprometemos a prestar pequenos favores para que no-los retribuam com grandes”.
É claro que continuam persistindo as amizades duradouras, aquelas que, passados meses ou anos, tem-se a sensação de que a distância temporal não valeu, a intimidade permanece viva e o apoio irrestrito prossegue incólume; afinal, como refletia Jean Cocteau, sensível poeta e diretor de grandes clássicos do cinema francês, “a felicidade de um amigo deleita-nos, enriquece-nos, não nos tira nada. Caso a amizade sofra com isso, é porque não existe”.”

Citação - Não Nascemos Prontos - Mario Sergio Cortella

 

Referência Bibliográfica:

CORTELLA, Mario Sergio. Não Nascemos Prontos! Provocações Filosóficas. 12 ed. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2011. p 80-81.