“Sem desejar produzir um recurso à nostalgia tola, é saudável lembrar: bons tempos aqueles nos quais se podia acreditar no que Aristóteles, já no século 4 a.C., afirmava na Ética a Nicômaco: “a amizade é uma alma com dois corpos”. Parece que o ideal aristotélico vem sendo superado por uma perspectiva muito bem expressa pelo, eventualmente satírico, filósofo francês Montesquieu: “A amizade é um contrato segundo o qual nos comprometemos a prestar pequenos favores para que no-los retribuam com grandes”.
É claro que continuam persistindo as amizades duradouras, aquelas que, passados meses ou anos, tem-se a sensação de que a distância temporal não valeu, a intimidade permanece viva e o apoio irrestrito prossegue incólume; afinal, como refletia Jean Cocteau, sensível poeta e diretor de grandes clássicos do cinema francês, “a felicidade de um amigo deleita-nos, enriquece-nos, não nos tira nada. Caso a amizade sofra com isso, é porque não existe”.”
Referência Bibliográfica:
CORTELLA, Mario Sergio. Não Nascemos Prontos! Provocações Filosóficas. 12 ed. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2011. p 80-81.